sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Oito Noites: Noite I




Eram onze e meia da noite. Cheguei em casa depois de mais um dia chato no escritório. Na verdade eu não morava em uma casa, era um pequeno apartamento - acho que todos os apartamentos são pequenos. Ficava no sexto andar de um prédio de dez andares. Era um prédio bem velho, mas bastante estiloso, como a maior parte da arquitetura do centro de São Paulo. Eu não quis subir de elevador porque, depois de um dia inteiro sentado, eu precisava exercitar as pernas. Fui de escadas.

Chegando ao corredor do sexto andar, tirei as chaves do bolso e abri a porta de meu apartamento, o número 22. Estava bem quente lá dentro, entretanto não era um quente gostoso, aconchegante, era claustrofóbico e infernal. Escancarei a janela da sala e, infelizmente, não senti vento algum. São Paulo também sabia ser quente quando queria. Ah! Como eu prefiro as noites de chuva.
Tirei toda aquela roupa terrível de escritório - de um administrador sem futuro, mas não vesti outras peças, fiquei nu mesmo. Não havia coisa melhor numa noite tão quente. Alimentei meu peixe, um beta azul chamado Chester. Seu aquário ficava na sala, ao lado do telefone em cima de um criado-mudo.
Joguei-me no sofá e fechei os olhos. Percebi que estava com muita fome, mas àquela hora eu não tinha nenhuma disposição para preparar alguma coisa para comer. Também percebi outra coisa: do apartamento ao lado, ouvia-se barulho de televisão, deveria ser algum filme de terror, talvez. Curioso, pois o apartamento ao lado do meu estava vazio há quase um ano! Alguém deve ter se mudado hoje enquanto eu estava no trabalho, pensei. Mas quem seria? Uma mulher? Um homem? Um velho ou uma velha? Um casal ou talvez uma família de dezessete pessoas?
Não sabia quem era, mas presumi que, seja lá quem estivesse habitando o número 23, nunca morou em um prédio antes, pois, se o tivesse, não deixaria o volume da televisão tão alto. Resolvi bater à porta para pedir que diminuísse o volume, não porque estava me incomodando, mas apenas para ver quem estava morando ao meu lado. Eu não sou um gato, mas minha curiosidade poderia me matar.
Vesti uma bermuda e fui lá. Toquei a campainha, mas o botão estava emperrado. Bati na porta duas vezes. Quase que no mesmo instante o barulho da televisão cessou abruptamente. Esperei um pouco, atento, porém ninguém veio abrir a porta. Não havia necessidade de eu bater novamente então voltei frustrado, e ainda mais curioso, ao meu apartamento.
Tomei um banho gelado – ah que delícia! – e fui me deitar (nu). A intenção era dormir, mas não consegui. Fiquei pensando em quem poderia ter se mudado para o apartamento vizinho. A questão é que a manhã seguinte chegou, e mais um longo e chato dia no escritório sucedeu-se. Eu poderia dar mais detalhes de como foi este “longo e chato dia”, mas acho que não há necessidade, pois o que aconteceu depois deste “longo e chato dia” quando cheguei ao corredor do sexto andar foi... - como eu poderia descrever? - Diria que foi, no mínimo, inusitado!
Não esperava encontrar o corpo de um homem caído em frente a minha porta.




Continua... Noite II

(Lord Klavier)


8 comentários:

  1. puxa que interessante; um suspense sem limites pra imaginação

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  2. Não falo que ficou legal por que deve ser um post tosco...

    Todo mundo deve postar isso, deve ser rotina '-'


    Mas ficou legal /o/

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  3. uehueh gostei!
    Gostei dos detalhes: sexto andar, apartamentos são pequenos.. (faz vc entrar na coisa).
    Gostei de qd o kra ficou sem saber quem era.
    Só não sei pq o corpo foi parar lá, no final. Nem se era morto, bêbado, ou seilá. Neh? Deve ter sido pra "puxar pro próximo capítulo" msm. =p

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  4. Hehe Foi pra puxar pro próximo capitulo mesmo! Aguarde a Noite II. Abração e obrigado pelo comentário.

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  5. Muito instigante. Os detalhes que vc descreve não são enjoativos. Vc tem uma forma de escrever bastante estilosa. Só quero ver a segunda noite.

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  6. Opa, contando os dias para a próxima Noite.

    Muito Bom!

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